A Visão do PT e da Esquerda: Adversários Definidos e Estratégias Distintas
- Elaine Ribeiro

- há 3 dias
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A análise do Partido dos Trabalhadores (PT) e do campo da esquerda sobre Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro é marcada pelo pragmatismo e pelo reconhecimento de que ambos representam o principal desafio para a manutenção do poder em 2026, mas cada um exige uma estratégia de ataque diferente.
De forma geral, o consenso no PT é que Tarcísio de Freitas será o principal adversário em 2026, dada sua menor rejeição e seu perfil mais "moderado" e técnico. Michelle, por outro lado, é vista como um nome com alto potencial de votos, mas com uma rejeição que a esquerda pode explorar com mais facilidade.
1. Tarcísio de Freitas: O Adversário "Perigoso" e Estratégico
O governador de São Paulo é visto como o nome mais difícil de ser batido por duas razões principais: sua capacidade de gestão e sua menor associação ao extremismo do bolsonarismo.
Estratégia do PT contra Tarcísio:
Descolar a Imagem do Gestor: O PT planeja uma ofensiva de comunicação focada em associar Tarcísio diretamente às políticas e ao legado do ex-presidente, minimizando sua imagem de gestor técnico. A ideia é fazê-lo pagar o custo de ser o "sucessor ungido" de Bolsonaro.
Explorar o "Tarifaço" e a Pauta Econômica: O partido pretende explorar decisões controversas no governo de São Paulo (como aumentos de tarifas ou concessões), buscando criar um contraste com a política econômica do governo federal (benefícios sociais, programas de crédito). O objetivo é associá-lo a uma direita "neoliberal" e insensível às questões sociais.
Ponte com o Centro: A esquerda reconhece que Tarcísio tem capacidade de dialogar com setores do Centrão e do mercado financeiro que hoje estão na base de Lula. O esforço é evitar que ele consiga formar uma frente ampla de direita que englobe tanto a base bolsonarista quanto o centro pragmático.
Avaliação da Esquerda: Tarcísio é um adversário forte porque consegue ser o nome de Bolsonaro sem a rejeição do bolsonarismo. O PT tem sido aconselhado a evitar polarizar com ele de forma antecipada para não elevá-lo ainda mais, mas o consenso interno é que a artilharia precisa estar apontada para ele.
2. Michelle Bolsonaro: O Desafio do Voto de Identidade
Michelle é vista como o desafio ideológico-identitário da esquerda. Seu poder de mobilização entre mulheres e evangélicos é inegável, mas o PT acredita ter ferramentas para combater sua alta rejeição.
Estratégia do PT contra Michelle:
Exploração da Rejeição (Feminina e de Valores): A esquerda acredita que pode explorar a rejeição maior de Michelle ao focar em temas de corrupção, nepotismo e nas posturas mais extremistas da família Bolsonaro, que ela defende publicamente. O ataque seria focado em questionar a "moralidade" do clã, o que poderia neutralizar parte do voto evangélico focado em "valores".
Pauta Feminista e Social: O PT e seus aliados buscam mobilizar o voto feminino com uma pauta de direitos, inclusão e políticas sociais (como programas de transferência de renda), contrastando com o discurso focado em valores morais de Michelle. A intenção é mostrar que a agenda do governo Lula é mais benéfica para a mulher comum e trabalhadora.
"Evangélicos de Esquerda": Há um movimento dentro do campo progressista para aumentar o diálogo com evangélicos que não se identificam com o bolsonarismo (os chamados evangélicos de esquerda ou progressistas). A estratégia é tentar furar a bolha da liderança evangélica que apoia Michelle, enfatizando que a Teologia da Libertação e a preocupação com a pobreza são valores cristãos.
Avaliação da Esquerda: Michelle representa uma ameaça de mobilização de base, mas seu perfil ideológico puro facilita o ataque e a polarização. A esquerda vê a candidatura dela como uma oportunidade de reafirmar sua identidade em contraste com o extremismo, mas reconhece que o voto evangélico é um campo minado.
Por: Elaine Ribeiro





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