"Bandido Vai para a Vala": Fala polêmica de Quaquá divide opniões no PT
- Elaine Ribeiro

- 5 de dez.
- 3 min de leitura

Com fala contrária as ideologias do partido ao qual é vice-presidente nacional; Partido dos Trabalhadores (PT), Washington Quaquá, se tornou foco de intensa polêmica e debate interno na sigla após suas recentes declarações sobre segurança pública, especialmente em relação a megaoperações policiais no Rio de Janeiro e ao combate ao crime organizado em Maricá.
A Polêmica do "Otário, Vagabundo, Bandido"
A declaração mais controversa de Quaquá ocorreu durante um seminário sobre segurança pública organizado pelo PT no Rio. Ao comentar uma megaoperação policial que resultou em mais de 100 mortes nos Complexos do Alemão e da Penha, o prefeito afirmou que a polícia do Rio, incluindo o BOPE, "só matou ali otários, vagabundos, bandidos".
Essa fala gerou imediato confronto no evento, com participantes gritando "Mentira sua!". A postura de Quaquá foi duramente criticada por setores do próprio PT e de ativistas de direitos humanos, que historicamente questionam a letalidade policial e as violações em operações desse tipo.
Em sua defesa posterior, Quaquá alegou que o termo "otário" se referia a criminosos que perdem a vida "por R$ 300 por semana" e que, embora bandidos, não tiveram oportunidades na vida. Ele defendeu uma estratégia de ocupação policial firme para libertar a população pobre do domínio do tráfico, seguida de políticas sociais robustas.
Defesa do Confronto e "Bandido Vai para a Vala"
As declarações polêmicas de Quaquá não se limitam ao episódio do seminário. O prefeito tem adotado uma linha dura no discurso de segurança em Maricá, prometendo "tolerância zero" com a criminalidade.
Armamento da Guarda Municipal: Quaquá anunciou a intenção de armar a Guarda Municipal de Maricá e criar um grupamento especial para o combate ao crime organizado na cidade.
Apoio a Ações Policiais: O político manifestou apoio às ações de forças de segurança, defendendo a necessidade de enfrentamento. Em uma de suas falas mais contundentes, afirmou que "Ninguém enfrenta fuzil com beijinhos" e que "vagabundo que porta fuzil e rouba a casa de gente pobre, o lugar dele é na vala".
Ocupação Territorial: O prefeito também defende a ocupação organizada e democrática do território pelo Estado para liberar áreas dominadas por facções criminosas, classificando essa ação como um "combate militar".
Repercussão e Cisão no Partido
A postura de Washington Quaquá contrasta com a visão tradicional de parte da esquerda e do PT sobre segurança pública, que historicamente prioriza a redução da violência policial e a desmilitarização. Sua fala sobre a operação no Rio foi criticada por colegas de partido, como o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), que alertou para o "populismo" no debate de segurança.
Apesar das críticas, Quaquá se mantém firme, alegando que o PT não é um "partido stalinista" e que o debate faz parte da essência rebelde da sigla.
No âmbito municipal, o prefeito tem buscado parcerias com o Governo do Estado do Rio de Janeiro e investido em tecnologia e monitoramento para integrar as forças de segurança. Maricá, em parte devido a esses investimentos e a uma postura de endurecimento, tem sido destacada por Quaquá como um modelo de segurança pública, registrando baixa taxa de homicídios.
O discurso de Quaquá, que mistura a defesa de políticas sociais (marca registrada de sua gestão em Maricá) com uma retórica de combate ao crime que se aproxima de pautas de direita, adiciona um novo e polarizado elemento ao debate sobre segurança pública no Brasil, especialmente no contexto das futuras eleições. Por: Elaine Ribeiro





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